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sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Call of Duty: Ghosts | Crítica

Call of Duty: Ghosts
Durante anos, a Activision explorou todas as possibilidades que a série Call of Duty permitia - guerras futuras e passadas, zumbis, alienígenas e distopias. Call of Duty: Ghosts é um retalho de todas essas referências, unidos a um multiplayer também exaurido pelas próprios conceitos.

Do início ao fim, o game se esforça para impressionar, mas comprova o quão sem saída está franquia. Após anos de bombas atômicas, reviravoltas e frenéticas disputas, o gênero que povoa boa parte das partidas online vê em Ghosts sua anunciada derrocada.

CATEGORIA:
REGULAR
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Uma história fantasma

Nunca houve muito refinamento nos roteiros de Call of Duty. Ainda assim, boa parte dos jogos cumpre a promessa de uma jornada eletrizante - as poucas horas gastas na campanha costumam ser bem investidas. Em Ghosts essa regra se inverte, pois não há um momento aonde a aventura se justifique.

Além de não promover qualquer ligação entre jogador e personagens, as missões tem uma composição medíocre e inorgânica. Os pontos isolados de mudança de gameplay, como o uso do cachorro Riley ou da sniper de longo alcance, soam gratuitas; apenas uma inclusão para mudar a direção da avalanche de tiros mostrada nos últimos minutos.

O enredo, escrito por Stephen Gaghan, roteirista de filmes como Syriana, mostra os Estados Unidos diminuídos e subjulgados pela Federação. Os Ghosts do título são pessoas mascaradas que 'lutam' contra o sistema em todas as partes do mundo. Entre as inúmeras cutscenes mostradas antes de cada missão, nota-se um potencial que não foi explorado. Dessa forma, a distopia sugerida se limita a colocar os EUA novamente como o reduto salvador do mundo e a única saída para os problemas.


Por isso, as boas cenas de introdução soam somente preguiçosas, uma forma de vomitar informação ao jogador sem precisar contextualizar a ação. Call of Duty: Ghosts não se preocupa com os motivos ou a construção de uma cena - todas elas familiares e em alguns casos literalmente repetidas.

A aleatoriedade com que as mudanças de narrativa é feita só faz o jogador valorizar outros momentos da série; Black Ops II e Modern Warfare são bons exemplos de histórias bem contadas. Por outro lado, há um notório esforço da Infinity Ward em trazer novidades, mudar os ambientes e levar a campanha a novos lugares - como o espaço, o fundo do mar e a pele de Riley. Uma pena, porém, que as tentativas sejam apenas pílulas de adrenalina soltas no marasmo que é a campanha de Ghosts.

Multiplayer cooperativo

Ao lado dos gráficos e algumas boas histórias, Call of Duty virou um blockbuster devido aos seus ótimos controles. A jogabilidade, aliás, é o principal fator imersivo da série - como poucos jogos, COD faz o jogador se sentir na guerra de uma maneira divertida, quase caricata. Ghosts, acertadamente, não muda isso. Tanto na campanha quanto no multiplayer, os fãs da franquia se sentirão em casa, tudo está quase intocado.

A partir dessa espinha dorsal, o multiplayer se torna um quesito infalível para os produtos com o selo Call of Duty. Para incrementar o modo, a Infinity Ward investiu em algumas modalidades e um extenso sistema de customização. Todavia, nenhuma roupa ou arma é mais importante que a inclusão de avatares femininos, algo que por si rende a Ghosts um lugar na história dos FPS.


As modificações mais sensíveis estão na progressão dentro do multiplayer, como o jogador pode melhorar suas armas ou comprar novas. A dinâmica dos mapas também mudou, mas para pior. A construção das arenas e a reação destas às ações dos jogadores atrapalham a diversão e a destruição em tempo real pouco ajuda na composição dos fases. Agora, parece que a intenção é povoar o cenário com o maior número de destroços possível - tudo fica mais bonito, porém menos funcional.

Duas outras seções, colocadas logo na tela inicial do game, são as apostas da Activision para diferenciar o título. E ainda que não exalem novidade, Extinction e Squads são o sopro de vida de Ghosts. Como a cooperação é o cerne de ambas modalidades, a inteligência artificial tem um salto perceptível e consegue representar humanos da melhor forma já vista da série. Em uma boa partida de Squads, há como confundir bots e pessoas, principalmente quando houver tempo para a IA reunir dados suficiente para a composição da equipe.


O próximo passo

Call of Duty: Ghosts é um fim melancólico para a série nesta geração de consoles. A marca que consolidou os jogos como o produto mais lucrativo do entretenimento vê seu desgaste à beira de uma nova leva de videogames. Os consagrados controles ainda garantirão uma boa margem de lucro às produtoras, mas não é preciso mais do que uma hora para notar a diferença entre Ghosts e seus antecessores.

Sem história, o jogo renega as origens e torna, mais do que nunca, a campanha em um DLC primário - o multiplayer dá as cartas, vende o título e ocupa a maior parte da 'audiência'. O desequilíbrio deste cenário deve trazer mudanças ao gênero. O futuro não pode ser apenas repetir os moldes anteriores, pois um dia, mesmo quem respira Call of Duty precisará de novos ares.

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